A paixão é o segredo de uma vida bela

Natan confronta a David, autor não identificado
Agrada-te do SENHOR, e ele satisfará os desejos do teu coração. Entrega o teu caminho ao SENHOR, confia nele, e o mais ele fará.
Leia Salmos 37

Texto do rev. Jonas Rezende.
Uma vida sem paixão é como comida sem tempero. É pela paixão que experimentamos os sobressaltos próprios de quem está vivo, alcançamos intensidade em nossas emoções e gestos, e densidade em tudo o que pensamos e concebemos. A paixão nos torna semelhantes ao grande Apaixonado. Jesus nos ensina no Evangelho de João: De tal maneira amou Deus o mundo...

Bertrand Russell, em sua autobiografia nos revela o segredo que manteve a juventude de sua alma, quando já havia vivido com dignidade mais de noventa anos e ainda fazia-nos sentir o fulgor de sua mente fértil, escrevendo um livro sobre a guerra no Vietnã. Pois bem, seu segredo era ter a vida impulsionada por três fortes paixões: a busca do amor, do conhecimento e do alívio do sofrimento que esmaga o ser humano de todas as fronteiras.

Davi foi também um apaixonado em todos os sentidos. Mas a grande paixão de sua vida, seu desejo maior, revelado no presente salmo, era entregar-se plenamente ao Senhor e confiar que Deus o ajudaria a ser justo diante de si mesmo, de seu povo e, especialmente, aos olhos divinos. O rei poeta estava certo de que os injustos tinham uma felicidade de aparência, minguada e provisória, porque fadada a um destino trágico. Nenhum projeto dos perversos prosperaria a longo prazo, porque o injusto jamais prevalecerá. E o apóstolo Paulo acrescenta: sua glória sinaliza o próprio fim deles.

Mas o salmista mostra que, em contrapartida, os justos, a despeito de suas perseguições e seus sofrimentos, herdam a terra e nela habitam para sempre. Leia todo o salmo. Veja como o rei Davi traça, com aguda percepção, o perfil do homem que ama a Deus. E mostra, por comparação, a brutal diferença que existe entre o homem justo e aquele que só respira crueldade.

Acho particularmente belo o testemunho pessoal do salmista, colocado na primeira pessoa do singular. É uma frase que guardo no coração como um aforismo para a minha vida. Diz Davi: fui moço e já agora sou velho, porém nunca vi o justo desamparado nem a sua descendência a mendigar o pão.

Cada vez que mergulho nesse salmo e medito no testemunho do rei que envelheceu como um apaixonado por Deus, parece-me que, em suma, o poeta quer nos ensinar que vale a pena viver embriagado de amor; pôr à mostra os desejos do nosso coração. Viver com a paixão infinita, de que nos fala Paul Tillich.

Conta-se que um jovem procurou ajuda com o filósofo Jean-Paul Sartre, buscando resolver seu difícil problema. Não sabia, na verdade, se deveria servir à pátria ameaçada ou se ficava em casa, cuidando da velha mãe enferma, e em tudo dependente dele.

A resposta de Sartre pode parecer estranha a muitos, mas tem, sem dúvida, um núcleo de verdade. Julgue você mesmo o que ele disse: Faça o que quiser. Faça-o, porém, com paixão.

Sinto que o salmo de Davi quer também nos ensinar a viver com paixão infinita por Deus e a sua justiça.

Você já vive essa paixão?

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