O homem de Deus e o profeta, autor não identificado |
Ainda há um terceiro aspecto fundamental na Palavra de Deus:
Ela não é para ser compreendida e sim para ser obedecida. O homem de Deus havia
entendido perfeitamente que não deveria aceitar oferta alguma pela sua missão e
que não deveria voltar pelo caminho que viera. Não voltar pelo mesmo caminho
tem o significado de suprimir qualquer mérito ou orgulho pelo sucesso da
missão. Voltar pelo mesmo caminho significaria ser reconhecido nos lugares por
onde havia passado, ser saudado com honras e glórias pelas pessoas que o
reconhecessem. O novo caminho significa o anonimato e a renúncia a qualquer
tipo de crédito. Já o fato de não aceitar ofertas tem a ver com o ineditismo da
missão. Não são cotidianos esses milagres. O homem de Deus não vai rachar altares
e imobilizar o braço do poder com nada além de fidelidade e persistência no seu
ministério. O autor da narrativa deixou bem claro que a participação humana nos
fatos extraordinários que a Palavra de Deus vem realizar é apenas figurativa, e
que o portador desta Palavra nada deve receber por isso.
Talvez seja por isso que a Bíblia não lhe confere o título
de profeta, embora ele reconhecidamente o seja. Ao preferir chamá-lo
simplesmente de homem de Deus faz questão de ressaltar o aspecto que faz essa
missão ser única e específica. Ao chamá-lo de homem de Deus, retira dele os
encargos naturais e consequentes do profetismo como profissão remunerada.
O texto apresenta quais são os dois aspectos do profetismo
através de dois profetas diferentes. O velho, que acomodado em sua casa,
desfrutando dos bens que recebeu durante o transcurso do seu longo ministério.
Mas para ser o portador da Palavra de Deus contra a injustiça e a iniquidade
não tem que receber remuneração ou prêmios. Para ser canal da bênção quando
Deus realiza os seus feitos extraordinários muito menos ainda.
Eu dizia no começo do argumento, antes de divagar pelo caminho
da denúncia: A Palavra de Deus está diante de nós para ser obedecida e não
entendida. Enquanto o homem de Deus insistiu nela sem hesitação ou
questionamentos, ela fez por cumprir fielmente o seu propósito, e o episódio
poderia ter o seu desfecho aí. Mas por que razão ele não resistiu à oferta do
banquete do rei e foi sucumbir ante a pequena ceia do seu colega profeta? Por
que o esforço do outro em desviá-lo do seu caminho? Este é um poderoso sinal de
que as forças contrárias à palavra de Deus estão vivas e atuantes. Este é o
sinal que devemos sempre cumpri-la sem procurarmos entendê-la. Contudo, este
texto encontra algum sentido quando lemos em II Reis 23, que fala de um
sepulcro único para dois profetas anônimos. Coincidência ou não? (anterior)
Leitura: I Reis 13.1-22
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