Paraísos diferentes, Fausto |
Nós não vamos nos
orgulhar além de certos limites. Deus é quem põe os limites no nosso campo de
trabalho, e ele nos deixou chegar até vocês em Corinto. Desde que vocês
estão dentro desses limites, não fomos além deles quando chegamos até aí
levando o evangelho de Cristo. II Coríntios 10.13-14
Com estas palavras o apóstolo Paulo, no seu tempo, já
demonstrava a sua preocupação com alguns líderes cristãos que se esmeravam em
ultrapassar os limites próprios do ministério pastoral? Ele dizia: Mas respeitamos o limite da esfera de ação
que Deus nos demarcou e que se estende até vós. (segundo a versão de Almeida
Revista e Atualizada). Ou seja, essa coisa de pastor fazer a sua opinião
prevalecer em todos os segmentos da vida e, em particular, fazer críticas
ofensivas à fé e à maneira de se conduzir de pessoas que não pertencem ao seu
rebanho, não é coisa de agora. Vem de longas datas. Eu tenho testemunhado a
falácia de que “o pastor ou o padre sabem tudo” em várias denominações, como também
em vários lugares. Também vi esse mesmo devaneio incorrer em situações e assuntos,
principalmente o financeiro, pois sempre que o fazem, fazem em benefício
próprio ou em nome da igreja para a qual foram designados.
Sujeitar por meio da ameaça de excomunhão a decisão sobre o
montante da contribuição do membro ingênuo já é feito em quase todas as igrejas
que conheço, quer seja em menor ou maior escala. Mas a liderança em questão não
está mais se limitando apenas intimidar ou a “profetizar” falsas conquistas e
declarar bênçãos sobre a vida dos membros fundamentados em promessas que não
estão contidas nas Escrituras. Esses agora resolveram dar pitaco em assuntos
que extrapolam totalmente o seu conhecimento. Matérias que de forma alguma têm
a ver com o seu chamado ao ministério. Esse dado é o que me faz imaginar que venha
a ser esse é o principal motivo pelo qual um grande número de pastores, ditos
vocacionados, ao final do seu curso de bacharel não optarem por estender os seus
currículos nas graduações mais elevadas da Teologia, confirmando assim a sua
vocação. O que eles pensam em fazer de melhor é se enveredarem por formações
não afins, como o curso de Direito, por exemplo.
Eu entendo bem que no nosso texto de hoje Paulo estava se
referindo ao limite territorial do seu campo missionário, isso porque ele
estava ciente de que havia uma liderança séria que, paralelamente ao seu
trabalho, estava desempenhando um papel fundamental na propagação do evangelho.
Paulo estava dizendo para os coríntios que se limitava a colher única e tão
somente na seara que, por vontade de Deus, havia semeado. Porém, se formos
verificar a sua conduta, veremos que o que ele chamou de espinho na carne foi
algum tipo de cerceamento que lhe foi imposto por Deus. Um limite para que ele transitasse
apenas no ministério que lhe foi confiado, e o tal espinho constantemente o
fazia se lembrar disso. O próprio Jesus se esquivou a dar opinião sobre temas
que não lhe eram próprios quando foi conclamado a dar o seu parecer sobre uma
divisão de herança.
Conheço apenas o refrão da música que diz: Cada um no seu quadrado, mas, sem
ratificar o restante da letra, digo que o caminho é esse mesmo, pois em uma
gama extensa de assuntos quem faria bem procurar orientação são os próprios
pastores. Não se dão conta de quanto isso é prejudicial ao evangelho. Não se
dão conta do quanto o nome de Jesus fica comprometido nessas circunstâncias.
Não se dão conta de quanto isso é negativo para o conceito que o mundo faz do
ministério pastoral. Aconselhar mal, dar opiniões equivocadas, interferir em
questões para as quais não tem preparo adequado é transgredir flagrantemente os
limites do ministério.
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