Comunhão divina

O pregador, Nathaniel Grogan
Em breve aqui terei meu fim mortal;
Desaparece o gozo terreal;
Mudança vejo em tudo, e corrupção.
Comigo faze eterna habitação! Hino 477 do Hinário Evangélico

Com exceção dos dois primeiros versos que não me sinto muito à vontade para cantar, este é um hino que para mim determina os dois elementos mais cruciais da vida do cristão: a percepção e denúncia da existência e da presença do mal, e a busca de uma aproximação com Deus cada vez mais intensa.

Não são poucos os pensadores da igreja que enfatizaram este binômio como os únicos bastantes para o ideal de fé cristã. Também não são poucos aqueles que procuraram mantê-lo como sua única prática de fé, deixando de completamente lado outras práticas que hoje julgamos serem essenciais tanto no culto como na caminhada da fé.

Essas pessoas nunca se importaram com a qualidade da música cantada em louvor a Deus. Também não se preocuparam com esmero na busca de palavras impactantes para dignificá-lo em suas orações. Seria completamente desnecessário frisar que não arrastaram atrás de si grandes multidões e nem frequentaram os horários nobres dos mais influentes meios de comunicação de seu tempo.

Ao abrirem mão de rezarem na cartilha dos que faziam da igreja um meio de auto promoção, compraram uma briga eterna com as autoridades políticas e religiosas, o que valeu a marginalização e muita perseguição.

Contudo, esses homens e mulheres não sofriam dos males que assolam a maioria dos cristãos de hoje, como por exemplo:

Eles não tinham qualquer receio do Juízo Final, como também nunca perguntaram a Deus se seus nomes estavam inscritos no Livro da Vida.

Eles não acordavam no meio da noite sobressaltados porque “o inimigo das nossas almas” os estava afligindo de forma insuportável.

Não havia vento de doutrina que os desviasse do plano traçado por Deus para as suas vidas, assim como não se deixavam enganar pelas fábulas e misancenes que enchem os olhos de muitos cristãos hoje em dia.

Seu grau de superstição era zero, ainda que o espanto noturno, a seta que voa de dia, a peste que se propaga na escuridão e a mortandade que assola o meio-dia estivessem diariamente estampadas nos noticiários como a mais plena realidade.

Nunca esperaram receber revelações especiais, visões alucinatórias ou mensagens enigmáticas, sua conduta sempre foi pautada pela Palavra de Deus contida na Bíblia.

Pois, bem, esses cristãos anômalos do passado legaram à igreja um exemplo de fé que hoje reconhecemos como insubstituível, mas que se nota ficou mesmo restrito ao passado. Embora agradeçamos a Deus pelas suas vidas, e os celebremos em dias especiais, queremos mesmo são as novidades que enchem estádios e alucinam as multidões.

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